segunda-feira, 19 de outubro de 2009

sobre a imigração e a emigração

o escritor destas linhas é alguém que respeita muito mais um negro senegalês animista honesto e trabalhador do que um português caucasiano sorna e vigarista. e há muitos portugueses assim.

o escritor destas linhas é alguém que considera muito mais um asiático hindu do Bangladesh sério e aplicado do que um português manhoso que tenta levar a água ao seu moinho, não pelo trabalho honesto, mas sim pelo conhecido, pelo grupo onde se insere, pela maçonaria onde se quer inserir, pela cunhazita, pelo jeitinho, pelo tráfico de influências. e há muitos portugueses assim.

fala-vos alguém que admira muito mais um boliviano escrupuloso e competente do que um portuga armado em chique, de seriedade duvidosa. e há muito portuga assim, e prosperam... geralmente de fato, gravata e automóvel de último modelo, assíduos frequentadores dos melhores "bataclãs" e restaurantes da moda, são parolos profundos, bastando sentarem-se à mesa e pegarem no talher para a parolice lhes vir logo ao de cima. em especial em Lisboa esta espécie prolifera e prospera.

serve isto tudo para referir que é uma enormidade as limitações políticas às migrações. por várias razões:

por razões históricas: de alguma forma, somos descendentes de emigrantes. reduzindo ao absurdo, se tivesse havido as actuais restrições políticas às migrações, a humanidade teria ficado reduzida ao Crescente Fértil. o mundo foi, é e será sempre feito de migrações.

por razões históricas: a globalização e o processo de migrações em massa terão sido impulsionados, se não iniciados, pela epopeia portuguesa dos Descobrimentos, provavelmente a única coisa de jeito que Portugal terá feito ao longo da sua história. Ah! e, claro está, ter dado porrada nos espanhóis várias vezes.

por razões históricas: Portugal foi e voltará brevemente, pelo actual estado de empobrecimento do país, a ser um país de emigrantes, desejando todos nós que os nossos conterrâneos sejam dignamente tratados nos países de acolhimento.

por razões económicas: as migrações são cruciais para uma mais justa redistribuição de riqueza e são fundamentais para fomentarem o equilíbrio sócio-económico entre regiões, sabendo-se da teoria económica que as migrações das regiões mais pobres para as regiões mais ricas servem para minimizar as assimetrias no desenvolvimento económico.

por razões sociais: as autoridades devem concentrar-se em andar atrás de quem anda a matar e a roubar, e não de quem simplesmente quer trabalhar.

por razões sociais: alguém que seja clandestino num determinado país não pode recorrer às autoridades desse país para que lhe seja prestada assistência policial ou de saúde, por exemplo, sendo atirado para a marginalidade e ficando à mercê das máfias ou de empregadores pouco escrupulosos - espécie abundante em Portugal. as pessoas devem fugir dos ladrões e não dos polícias, e não ficarem à mercê dos ladrões e terem de fugir dos polícias.

por razões sociais: alguém que conseguiu dar o salto e entrar na Europa fica sem hipótese de reversão, i.e., caso se dê mal, fica, mesmo assim, impossibilitado de regressar ao seu país de origem.

por razões de política internacional: nenhum estado gosta de ver um seu cidadão expulso ou mal tratado pelas autoridades de outro país. as restrições às migrações apenas fomentam as máfias de traficantes ilegais de pessoas, fazem disparar o custo das viagens dos clandestinos, e obrigam estes a fazerem travessias marítimas em condições sub-humanas de elevadíssimo risco, sendo causa de inúmeras mortes por ano.

por razões políticas: as fronteiras são artificiais, que apenas deveriam servir para melhor gerir o planeta.

por razões económicas: em Portugal, com a actual apologia da homossexualidade e ataque à família e à natalidade perpetrado pela governação socialista, os emigrantes são hoje cruciais ao normal funcionamento do tecido produtivo português, sendo uma força de trabalho sem a qual muitas actividades não poderiam ser sequer efectuadas, e outras veriam o seu custo disparar.

Coloca-se então a questão: e se agora a Europa acabasse com as barreiras à imigração, o que é que aconteceria?

não tendo nenhuma bola de cristal, penso que se passaria o seguinte:

- não haveria nenhuma invasão de estrangeiros (ah! esse fantasma!), pois não havendo a barreira da fronteira, estes poderiam planear e preparar muito mais facilmente a sua entrada no mercado de trabalho europeu, podendo regressar aos países de origem mais facilmente, em caso de necessidade ou de vontade.

- diminuiria muito a marginalidade, e acabaria muito negócio ilícito que gira à volta dos imigrantes ilegais - tráfico de pessoas, exploração de clandestinos, documentos falsos, casamentos de conveniência, etc.

- haveria algum desanuviamento nas relações internacionais, especialmente nas relações norte-sul, sendo possível uma maior aproximação entre os povos.

- haveria algum desanuviamento social e político nos países do primeiro mundo, pois, além dos aspectos já focados de marginalidade e crime, seria um sinal de confiança e respeito para com as comunidades de imigrantes que cá vivem.

num país maioritariamente católico, convém ter presente que Deus fez a Terra para todos, e que todos são filhos de Deus. Um estado moderno deve respeitar quem trabalha e quer trabalhar, e não andar a perseguir quem trabalha e a subsidiar sornas que querem viver do rendimento mínimo. deve perseguir quem faz vigarice e não quem apenas quer trabalhar.

o estado deve penalizar apenas o que deve ser penalizável. querer trabalhar não é crime. clandestinidade não deveria existir, muito menos ser crime.

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