terça-feira, 3 de agosto de 2010

do "Tridente" e do "Arpão"

Oiço por aí muita gente a desfazer na compra dos submarinos rotulados "NRP", que quererá dizer "Navio do Reino de Portugal", do "Tridente" e do "Arpão". Seguem um pensamento fácil, que em época de crise não se compra material militar por 1000 M€, que em época de crise não se deve brincar aos submarinos, que não servem para nada, etc, etc, etc.


Pela mesma lógica, hiperbolizando, poupar-se-ia muito dinheiro se se pusesse a PSP e a GNR a andar de bicicleta. As bicicletas não gastam combustível, não necessitam de revisões, não são poluentes, os pneus são muito mais baratos, arrumam-se melhor, etc. Só que um polícia de bicicleta não apanha um bandido de automóvel! ou seja, se se adoptasse esta lógica de poupança, todos os ordenados dos polícias seriam um desperdício, pois não apanhariam qualquer bandido! E seria o caos….


Esta lógica aplica-se ao caso dos submarinos. Portugal tem a seu cargo a vigilância de uma área descomunal de oceano, que vai até meio caminho entre Açores e EUA. Tem uma ZEE descomunal, muitas vezes a sua área continental, constituindo um dos maiores recursos do País. Além de uma questão de afirmação de soberania, estes submarinos são essenciais, dizem os entendidos na matéria, para exercer uma fiscalização capaz de toda esta vasta área marítima – dizem até que deveriam ser três. Para protecção dos recursos marítimos e dos ecossistemas, para fiscalização das pescas, para combate ao tráfico de droga e de pessoas, para detectar e punir comportamentos errados, tais como a lavagem de tanques de petróleo em alto mar.


Muitos economistas estudam o potencial económico ligado ao mar, à economia do mar. É exemplo Hernani Lopes. Todo este potencial não serve de nada se não cuidarmos dele. Por isso, os submarinos são essenciais.


Vêem em má altura, dirão alguns. Pergunto: em 2003 ou 2004, altura em que foram encomendados, alguém imaginaria a crise que Portugal atravessa? Nem Sócrates nos seus maiores pesadelos…

Houve vigarice na compra e na negociação das contra-partidas? Não digo tudo o que ouvi a gente responsável, mas compete ao homem que tem os mesmos poderes que Sua Majestade a Rainha de Inglaterra (coitada, ver-se assim arrastada para uma afirmação destas sem ter nada a ver com o caso!) investigar. Se encontrará alguma coisa? Duvido. Encontrou no FreePort? Na Portucale? No Apito Dourado? eu diria que esse senhor tem os mesmos poderes que a lixívia: branqueia tudo!


A diferença é que antigamente não se dava nomes de código às operações policiais, mas prendia-se os ladrões. Hoje rotula-se tudo com nomes bonitos para parecer bem na TV, mas fica tudo à solta.


Mas não culpem os submarinos, que são bem necessários.

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