segunda-feira, 18 de outubro de 2010

no País dos Zés

Repare-se no enredo seguinte passado no País dos Zés, e, de facto, o Zézito Chico-Esperto não é completamente estúpido


o Zézito Chico-Esperto desgovernou o País como só ele poderá imaginar, com a complacência de um pseudo-ministro das depauperadas finanças. Foi obras públicas para uns amigos por ajustamento directo, indemnizações para outros amigalhaços porreiros, negociatas de chips para boys, tachos para os candidatos derrotados em eleições internas no PS, dinheirinho sabe-se lá porquê para uns "irmãos" de alguma Irmandade do Avental, etc, etc, tudo isto aproveitando o Zézito Chico-Esperto para ir enchendo os bolsos com uns "agradecimentos" aqui, umas comissões acoli. Como tudo estava controlado, um magistrado amigo arquiva um processo aqui, outro magistrado "irmanado" acaba com outro processo acolá, e, pelo meio, ainda dava para tramar uns quantos parvos que não faziam os jeitos à vontade de quem manda...


Aproveitando a janela de impossibilidade de dissolução da assembleia da república das bananas, que se estende até Março, impõe um orçamento de terror sobre a sociedade e cria uma chantagem: se o PSD não anuir, eu vou-me embora! e aguentem-se até Junho e sem dinheiro, pois ninguém vos emprestará um tusto! Ou eu, o Grande Irmão Zézito Chico-Esperto, ou a fome!

Vai daí e consegue que alguns patolas, alguns até gente séria, honesta e competente, aprovem o orçamento do Zézito Chico-Esperto, para evitar a fome que se avizinha, mostrando sentido de responsabilidade. Quando o orçamento começar a ser sentido no bolso dos portugueses, Zézito Chico-Esperto dirá: era o orçamento necessário ao País, tomámos as medidas necessárias, e o maior partido da oposição concordou, por isso também é responsável pelo que de mau se está a passar. E Zézito Chico-Esperto ainda tem três meses até o novo presidente da república das bananas tomar posse....

este clima mantém-se até Março, por causa das eleições presidenciais, que Zézito Chico-Esperto espera que o candidato do seu partido perca... No final de Março só é possível derrubar Zézito Chico-Esperto com uma moção de censura, mas nessa altura não haverá motivo para tal. E Zézito Chico-Esperto continua...

Em meados do ano de 2011 começa a fazer sentir-se os efeitos macro-económicos destas medidas, sendo reposto algum reequilíbrio financeiro e estão lançadas as bases para um 2012 de maior desafogo. Aí com o Zézito Chico-Esperto a voltar ao seu estilo de vigarista e a voltar a fazer uma campanha eleitoral permanente, com vista a mais uma reeleição, porque presidenciais só em 2016 e o actual não se recandidata....

Logo, deixar passar este orçamento é ser complacente com uma estratégia muito bem montada pelo Zézito Chico-Esperto. Montada para este se perpetuar no poder, e o "Zé Contribuinte" que se lixe! que se lixe, mas que pague!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

tribunais para quê?

diz o Público que Cândida Almeida travou equipa mista liderada pela PJ para investigar o Freeport



o seu falecido marido foi nomeado inspector geral da administração pública por Guterres - factos são factos, não extraio daqui qualquer conclusão. a Sra Dra Cândida Almeida apresentou-se num programa de televisão, apresentado há tempos atrás sobre várias mulheres procuradoras, como sendo uma mulher de esquerda



ora um procurador, homem ou mulher, não pode ser nem de esquerda nem de direita. isto não quer dizer que não tenha direito a votar no partido que entender, na reserva da cabine de voto, mas tem como missão a aplicação da justiça e, entre outras obrigações, a fiscalização dos vários poderes políticos. por isso tem que SER independente, coisa que Cândida Almeida mostrou não ser ao afirmar-se como mulher de esquerda.


não será a única. um magistrado apareceu, há alguns anos atrás, de cachecol partidário aos ombros numa sede de um partido político numa noite eleitoral, congratulando-se com a vitória desse partido. duvido que tenha sido por isso devidamente processado. magistrados há que pertencem a associações "filosóficas", criando desta forma vínculos com os seus "irmãos", que se reflectem nas sentenças dos tribunais, especialmente quando colocam "irmãos" contra "profanos". um procurador geral diz que é "Raínha de Inglaterra" (falta-lhe muito de tudo para lá chegar...).


nos últimos tempos casos houve que tiveram sentença esotérica, que ninguém entende. um juíz foi perseguido pelo conselho que rege a classe, criando uma dependência entre a sua classificação e o resultado de um processo com o qual esse juíz nada tinha a ver!  outro indivíduo, gente poderosa, tentou corromper um vereador, com vasta prova produzida em tribunal, mas isso não é corrupção activa!!!! etc, etc, etc, a lista é longa, extremamente longa, demasiado longa!


é o pântano da justiça

o conceito "Rousseauiano" de independência entre poderes é um dos aspectos fundamentais num estado de direito democrático. tão fundamental quanto a liberdade de voto, mas é sistematicamente desrespeitado - o caso "FreePort" é mais uma evidência que a justiça não funciona quando os suspeitos são altas individualidades políticas. 



não sei porquê (...LOL...) mas quando se toca nos políticos gera-se logo uma teia de "solidariedades" com o intuito de safar o suspeito, usando-se e abusando-se do conceito de "presunção de inocência", qual lixívia que tudo branqueia.

Ora um sistema judicial que não é capaz de descobrir a verdade nem, por consequência, punir os infractores, não serve para coisa alguma. aliás, para o sistema penal português a descoberta da verdade é a coisa que menos interessa, pois o que temos é um sistema extremamente "garantista", em que as garantias de defesa dos acusados são de tal forma poderosas que se tornam redundantes e servem apenas para impedir as investigações e a formulação das acusações, e arrastar os processos até a prescrição. a justiça, que é punir os culpados e inocentar os justos, é a coisa que menos interessa!

isto serve apenas os desonestos, mas não serve o povo trabalhador que anda a sustentar, com o seu trabalho, este sistema perverso. por isso a pergunta: tribunais para quê?

terça-feira, 3 de agosto de 2010

do "Tridente" e do "Arpão"

Oiço por aí muita gente a desfazer na compra dos submarinos rotulados "NRP", que quererá dizer "Navio do Reino de Portugal", do "Tridente" e do "Arpão". Seguem um pensamento fácil, que em época de crise não se compra material militar por 1000 M€, que em época de crise não se deve brincar aos submarinos, que não servem para nada, etc, etc, etc.


Pela mesma lógica, hiperbolizando, poupar-se-ia muito dinheiro se se pusesse a PSP e a GNR a andar de bicicleta. As bicicletas não gastam combustível, não necessitam de revisões, não são poluentes, os pneus são muito mais baratos, arrumam-se melhor, etc. Só que um polícia de bicicleta não apanha um bandido de automóvel! ou seja, se se adoptasse esta lógica de poupança, todos os ordenados dos polícias seriam um desperdício, pois não apanhariam qualquer bandido! E seria o caos….


Esta lógica aplica-se ao caso dos submarinos. Portugal tem a seu cargo a vigilância de uma área descomunal de oceano, que vai até meio caminho entre Açores e EUA. Tem uma ZEE descomunal, muitas vezes a sua área continental, constituindo um dos maiores recursos do País. Além de uma questão de afirmação de soberania, estes submarinos são essenciais, dizem os entendidos na matéria, para exercer uma fiscalização capaz de toda esta vasta área marítima – dizem até que deveriam ser três. Para protecção dos recursos marítimos e dos ecossistemas, para fiscalização das pescas, para combate ao tráfico de droga e de pessoas, para detectar e punir comportamentos errados, tais como a lavagem de tanques de petróleo em alto mar.


Muitos economistas estudam o potencial económico ligado ao mar, à economia do mar. É exemplo Hernani Lopes. Todo este potencial não serve de nada se não cuidarmos dele. Por isso, os submarinos são essenciais.


Vêem em má altura, dirão alguns. Pergunto: em 2003 ou 2004, altura em que foram encomendados, alguém imaginaria a crise que Portugal atravessa? Nem Sócrates nos seus maiores pesadelos…

Houve vigarice na compra e na negociação das contra-partidas? Não digo tudo o que ouvi a gente responsável, mas compete ao homem que tem os mesmos poderes que Sua Majestade a Rainha de Inglaterra (coitada, ver-se assim arrastada para uma afirmação destas sem ter nada a ver com o caso!) investigar. Se encontrará alguma coisa? Duvido. Encontrou no FreePort? Na Portucale? No Apito Dourado? eu diria que esse senhor tem os mesmos poderes que a lixívia: branqueia tudo!


A diferença é que antigamente não se dava nomes de código às operações policiais, mas prendia-se os ladrões. Hoje rotula-se tudo com nomes bonitos para parecer bem na TV, mas fica tudo à solta.


Mas não culpem os submarinos, que são bem necessários.

sábado, 31 de julho de 2010

o "Plano Inclinado" de hoje, com Manuel Carvalho da Silva

É um programa de referência, onde se diz a verdade sobre o estado económico e social em que o País se encontra. o programa que agora mesmo acabou teve como convidado Manuel Carvalho da Silva, presidente da CGTP.
foi confrangedor.

MCS é um homem inteligente e de raciocínio ágil. Muito mais do que a esmagadora maioria dos políticos que n
os governam, pois no actual poder político reina a mediocridade e a loucura. No entanto, quando MCS mete as pálas do preconceito ideológico à frente dos olhos, aquele preconceito ideológico que o mundo inteiro viu desabar há 20 anos, MCS torna-se num paradoxo e presa fácil em qualquer debate, nem sendo necessário recorrer a gente da elevadíssima envergadura de João Duque ou Henrique Medina Carreira.


Falemos com sinceridade, MCS: o País está farto de fazer redistribuição de riqueza. Em mais ou menos 3 décadas o estado fez duas expropriações brutais da riqueza dos privados: primeiro quando nacionalizou as empresas, em 13 de Março de 75, e depois quando privatizou as empresas antes nacionalizadas, algumas na penúria, fruto da gestão estatal. Temos uma carga fiscal brutal, havendo mais de 6 milhões de portugueses que vivem do rendimento que o estado lhes dá! Isto é redistribuição da riqueza todos os dias!


O nosso problema é o estado. Deseduca os pobres – agora nem os quer chumbar (!!!), pois os ricos há muito que debandaram para o ensino privado –, faz a injustiça – absolve os ricos e poderosos e castiga os pobrezinhos que não conseguem arranjar advogados que lhes arrastem os casos até à prescrição –, trata cada vez pior e mais tarde as doenças dos pobrezinhos – os ricos recorrem cada vez mais à medicina privada –, etc, etc, etc!


Como disse Ronald Reagan: “o estado é o problema”.


Perante isto, MCS o que é que propõe? Que haja uma estratégia de desenvolvimento e de investimento. Pergunta Medina Carreira: de quem? Quem é que cá vai investir? MCS engasga-se, contorce-se, desvia-se do tema, contradiz-se, etc, terminando o programa zangado! Nunca vi ninguém apanhar um baile tão grande.


É pena, porque MCS é inteligente. Só que tem que se abrir para a realidade e ver que o Muro caíu há 20 anos. E só os loucos querem voltar para trás!


MCS: há dois tipos de pessoas na face da Terra: os "Galileus", curiosos e que observam o mundo que os rodeia e o tentam interpretar, e os inquisidores, que lêem as escrituras todas, sabem os autores todos, têm sempre argumentação na ponta da língua.


Só que, na maior parte das vezes, completamente desfasada da realidade

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Estado geral

ouvi hoje Alexandre Soares dos Santos na SIC Notícias

disse, às tantas, uma grande verdade: "o 25 de Abril na economia ainda não foi assim há tanto tempo quanto isso, e as pessoas ainda se lembram".

pois tem toda a razão. o problema é que a sociedade portuguesa, hoje, está pior do que em 74. em 74 muitos eram enganados por uma falsa ideia de felicidade que era o comunismo. mas o Muro caíu, faz 20 anos. e hoje quase 20% da população continua a insistir nessa barbaridade que é o comunismo. só se explica isto por fanatismo ou estupidez

os outros, os ex-comunistas que engordaram, viraram PS e apoiam Sócrates. mas o respeito por valores essenciais da democracia, da justiça e da verdade continuam a não existir nas suas cabeças.

só assim se explica que um deputado roube um gravador e não se demita. é a medida do nosso atraso.

que merecemos inteiramente. 60% dos portugueses votaram na esquerda. coitados mas é dos restantes 40% - eu incluído.

talvez os kits para educação sexual,comprados numa sex-shop qualquer, resolvam isto...

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

sacado da net, mas concordo com tudo. aqui vai o textozinho:

o problema da maçonaria e da sua ligação a certos sectores do estado é uma questão extremamente delicada - basta ter por exemplo em conta as declarações no julgamento do caso Moderna do dr Braga Gonçalves, em que disse que havia uma estratégia da sua loja maçónica para controlar o mais possível sectores importantes do estado.

eu não sou maçon (Deus me livre!), detesto a maçonaria e todo o mal que ela representa. no entanto, num estado de direito democrático assiste aos cidadãos o direito de se reunir, pelo que, embora eu não goste dessa organização, ela tem o direito de existir e quem gostar de a ela pertencer, caso ela aceite.

o problema coloca-se no simples facto de se alguém pertencer a organizações que obrigam as pessoas a aceitar vínculos fortíssimos entre os seus membros, isso implica que esse alguém deixa de ter capacidade de exercer certos cargos do estado, que obrigam precisamente a liberdade de actuação e a afastamento dos diversos interesses existentes na sociedade.

os casos flagrantes são os juízes e os magistrados do MP, embora em minha opinião haja outros que devem ser adicionados a esta categoria, como por exemplo funcionários judiciais, funcionários de serviços secretos, polícias e militares.

coloque-se esta hipótese: um juíz maçon tem que decidir numa questão em que a maçonaria ou "irmãos" maçons têm interesse. pergunto: qual é a capacidade desse juíz em decidir com rigor e justiça, de uma forma isenta e independente, afastada de interesses e pressões, quando ele está a julgar uma questão em que "irmãos" maçons são parte interessada, tendo ele jurado com a própria vida defender esses irmãos acima de tudo?

é óbvio que esse juíz está diminuído fortemente nas suas capacidades de julgar. em minha opinião, visto estar em causa valores fundamentais de um estado de direito democrático, como o é a independência da justiça, esses valores devem sobrepor-se a eventuais direitos de participação e associação de um indivíduo. até porque alguém só vai para juíz de forma voluntária.

esta questão é hoje crucial no estado, em que por exemplo o presidente do STJ é associado à maçonaria, assim como elementos dos serviços secretos, juízes (especialmente do Tribunal da Relação de Lisboa), procuradores do MP, elementos da PJ, etc.

esta questão não é nova: ainda recentemente foi levantada pelo presidente da Associação Sindical dos Juízes, e há alguns anos por Tony Blair em Inglaterra.

porque é que os tribunais de Lisboa (STJ incluído) tomaram nos últmos anos as decisões que tomaram em inúmeros processos envolvendo políticos, maçons e não maçons? já pensaram:

- nos processos da Leonor Beleza?

- no caso Portucale?

- caso "Casa Pia"?

- recentemente nas escutas do "Face Oculta"?

(as útimas 4 linhas são da minha autoria)

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

AQUILO QUE TODOS QUEREM SABER:

Qual dos primos se irá tramar desta vez?

um funcionário de um banco suíço ofereceu ao estado alemão uma lista de cidadãos que terão, presumivelmente, fugido aos impostos





sugere-se a leitura das notícias referidas nos links apresentados. segue o comentário:

esta questão coloca em cima da mesa a necessidade de uma profunda reflexão sobre o papel do estado. nos países da união europeia os estados estão com uma carga fiscal brutal e com défices monstruosos. Na Suíça, país fora da União Europeia mas pertencente ao espaço económico europeu, as contas públicas estão equilibradas, a carga fiscal é irrisória quando comparada à carga fiscal na EU, as instituições funcionam, há uma moral comum extremamente desenvolvida, que faz com que haja pela parte dos cidadãos uma cultura de trabalho e cumprimento das regras estabelecidas. Há ordem, bem estar social e prosperidade como em mais nenhuma parte da Europa, com uma população multi-étnica, multi-linguística (são línguas oficiais o alemão, o francês, o italiano e o romanche) e multi-religiosa (católica, protestante, calvinista, judaica, e, hoje, também muçulmana, fruto da imigração) que convive em paz. Há participação dos cidadãos na política (em geral há pelo menos 3 referendos por ano para que a população possa deliberar sobre inúmeras questões, como reformas na justiça, economia, opções sobre obras públicas, etc, etc, etc). Há justiça, há ensino da maior qualidade (as universidades de Zürich e Lausanne são sistematicamente colocadas no topo dos rankings das universidades mundiais), há enorme preocupação ecológica. A pobreza é residual, sendo impossível diminuí-la, porque na Suíça segue-se o princípio, correcto quanto a mim, de que as pessoas não devem viver da “solidariedade”, mas sim do trabalho, que, como dizia Adam Smith, “é a única forma de produção de riqueza”. Quando se viaja na Suíça está-se sempre a passar em frente a fábricas de produtos que todos conhecemos e consumimos – eu pergunto o que dirá um suíço ao passear por Portugal, será que ele conhece os poucos produtos que nós cá produzimos?

Ao seu estado os suíços chamam “Treuersystem” – sistema fiel. Porque os protege no que tem que proteger. Porque gera a ordem pública. Porque serve os cidadãos.

Na Suíça tudo funciona, e bem. Para um português, é um choque positivo quando lá chega, e um choque extremamente negativo quando de lá regressa.

Posto isto, colocar-se esta questão: deve a Alemanha ou não comprar informações obtidas de forma ilícita apenas para poder sacar mais uns milhões em impostos?

A única resposta possível que uma pessoa honesta daria é um rotundo NÃO!

O sigilo bancário é um valor essencial numa sociedade. Remete para a privacidade do cidadão, que é um valor indiscutível e fundamental. No entanto, investigação criminal é, por definição, as autoridades competentes intrometerem-se na e coscuvilharem a vida privada dos cidadãos, se necessário, para averiguarem se este cometeu algum crime. Al Capone não anunciava no jornal quem ia matar no dia seguinte, e quem era o seu súbdito que seria encarregue dessa missão.

Hoje em Portugal contesta-se o facto de haver escutas ao primeiro ministro por ser uma intromissão na sua vida privada. Contesta-se até, pasme-se, o facto de se reproduzir nos media declarações que o primeiro ministro (provavelmente o pior de que há memória) fez em voz alta num restaurante (espaço de acesso público), de tal forma que as pessoas que estavam na mesa ao lado ouviram. No entanto acha-se que não deve haver sigilo bancário, devendo haver um verdadeiro “striptease” das contas bancárias dos cidadãos. A contradição é evidente, e a preservação do sigilo bancário essencial, devendo apenas ser levantado no âmbito de uma investigação criminal, tal como são feitas a intercepção de correspondência, de chamadas telefónicas ou de endereços de computadores ligados à internet.

Mas isto depende das leis do estado, devendo respeitar-se a soberania de cada país, aspecto este fundamental na ordem política mundial. Se há países onde existe pena de morte, discriminação das mulheres, violação sistemática dos direitos humanos e ninguém faz nada, porque é que se há-de implicar com certos e determinados países só porque protegem mais o sigilo bancário?

Compreendo que se deva negociar com esses países no sentido de incrementar a colaboração no que se refere à investigação criminal, pois o rasto do dinheiro pode ser prova essencial para combater máfias internacionais que se dedicam à extorsão, rapto, ao tráfico de pessoas, órgãos, armas, droga, etc.

Não compreendo que se faça isto em relação à aplicação do dinheiro por forma a diminuír os impostos. Porque o nível de impostos nas sociedades ocidentais é obsceno, e apenas devido à incompetência dos nosso governantes, que esbanjam dinheiro a torto e a direito, que fazem obras públicas de utilidade nula apenas para satisfazerem certas clientelas, que actuam numa impunidade gritante. Por mim, fugir aos impostos, no actual estado de coisas, é um dever ético de qualquer honrado cidadão. Só tenho pena é de não o poder fazer.

Além disso, este caso traz uma coisa mais: o funcionário do banco, que roubou informação confidencial, sendo isto um crime, pede 2.5 milhões de €€ (M€), e promete que o governo pode sacar 100 M€ em impostos! Ou seja, o governo ficaria a lucrar 97.5 M€. Quer dizer que os valores da justiça, nos quais o estado deveria ser o primeiro garante, passam a ser objecto de comércio!... se não fosse trágico, e um sinal de profunda decadência da concepção europeia de estado e da degradante qualidade dos políticos que nos governam, seria hilariante.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Cuidado que é segredo de justiça, ou a divulgação pública de escutas telefónicas

O direito e a justiça são bens essenciais demasiado preciosos para serem deixados apenas para os juristas. Além disso, o direito e a justiça devem traduzir um conjunto de valores transversais à sociedade, e não ser um terreno privativo só de alguns. Serve isto para introduzir uma pequena reflexão sobre o segredo de justiça.

Nestes últimos tempos a esquerda vem referindo a violação do segredo de justiça como sendo o pior defeito do funcionamento dos nossos tribunais.

Fala-se da incapacidade da justiça em condenar evidentes culpados e ressercir as vítimas mas o pior problema é a violação do segredo de justiça. Fala-se da corrupção generalizada que mina o estado português mas o pior problema é a violação do segredo de justiça. Qualquer acção demora uma eternidade ou prescreve mas o pior problema é a violação dosegredo de justiça. Há uma (quando muito) branda justiça para ricos e uma severa justiça para os pobres, incapazes de contratar bons advogados que consigam emperrar ao limite o desenrolar dos processos, mas o problema é a violação do segredo de justiça. Com frequência há decisões aberrantes dos nossos tribunais, que violam os mais elementares princípios de justiça e bom senso, mas o único mal é a violação do segredo de justiça. Há casos aberrantes na nossa magistratura, como a suspensão da classificação de um magistrado por causa de um processo no qual ele não é tido nem achado, ou procuradores que vêm à televisão fazer o papel de advogados de defesa dos suspeitos, mas o problema é a violação do segredo de justiça.

Esta postura traz à memória a "Ormetà", juramento cuja quebra é punida pela Máfia com a pena de morte. É que são, precisamente, as organizações criminosas que baseiam boa parte do seu funcionamento e sucesso no segredo e na descrição.

O segredo de justiça é fundamental no sistema judicial por várias razões, que poderiam ser bem explicadas por juristas competentes - aqui realça-se as três seguintes:

- só em segredo é que muita investigação pode ser feita com sucesso, sem que haja, por exemplo, destruição de provas.
- só em segredo é que se consegue deter prevaricadores sem que eles consigam fugir, por exemplo, para o Brasil.
- casos há, como por exemplo o crime de violação, em que o segredo serve para preservar a imagem da vítima de uma humilhação social.

No entanto, o próprio segredo tem limites. a esquerda, que só fala que andou a combater o fascismo, parece esquecida dos tribunais da PIDE, onde as pessoas eram condenadas em julgamentos arbitrários à porta fechada. Serve isto apra ilustrar o facto de que a partir de certa altura toda a actuação da justiça deve ser pública, por forma a que possa ser escrutinada e fiscalizada por todos. O livre acesso aos julgamentos e o público escrutínio da acção dos tribunais é um princípio fundamental de um estado de direito, que remonta, pelo menos, aos tempos da Revolução Francesa. É parte da tradução prática do princípio de equilíbrio e mútua fiscalização dos poderes do estado. Por isso, em especial para casos e julgamentos que prescreveram ou transitaram em julgado, não faz sentido falar em segredo de justiça. Em especial quando estão em jogo importantes interesses da sociedade. Como é exemplo o apuramento de eventual tráfico de influências realizado por personalidades do estado tão ou mais relevantes do que directores gerais. Ou o viciamento de competições desportivas que envolvem importantes actividades económicas.

Hoje voltou-se a falar da violação do segredo de justiça por causa do caso "Apito dourado". E foi muito bom esse eventual segredo ter sido violado. Afinal, o caso já transitou em julgado! Os portugueses puderam agora constatar como funciona o futebol português e o completo falhanço da justiça nacional, do estado e das instituições desportivas. Ao pé do "Apito Dourado", o "Calciocaos" foi uma brincadeira de crianças, mas a Juventus foi despromovida em poucos meses. Cá nada de relevante se passou. Brandos costumes, dirão uns. Barbaridade, dirão outros, com mais razão.

Falta agora apresentar mais escutas, para que os portugueses possam escrutinar o comportamento, por exemplo, de políticos. Muita coisa se ficaria a saber, mas duvido que alguma cabeça rolasse: é que em Portugal a falta de vergonha na cara é abundante, e ética é coisa inexistente.

No outro dia ouvi uma boa: "espero não vir a ser preso por ser honesto!". E assim vai o País, alguns meses depois de o Sr. Madoff ter apanhado 150 anos de cadeia e de o caso BPN ainda ir no adro.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

o Alegre e o Louçã, com Sócrates pelo meio

Manuel Alegre anunciou o início da sua marcha rumo às eleições presidenciais do próximo ano. Atendendo ao calendário eleitoral, -lo cedo demais, abrindo cedo o jogo e correndo riscos desnecessários. Tornou uma corrida eleitoral numa maratona eleitoral, restando saber se tem fôlego para correr até ao fim.

E -lo apenas numa estratégia de condicionar o PS. Alegre quer impor-se como o candidato único da esquerda. Ao fazê-lo, pode ter ditado a sua sentença de derrota nas presidenciais. Por várias razões.

Alegre não ganha sem o apoio maciço do PS, quer dos eleitores quer do aparelho. Ora este tem alguma memória, e, além disso, não gosta que lhe seja imposto o candidato, gosta de gozar o poder de poder decidir por si. Por outro lado, o PS está em crise perante as severas dificuldades governativas, pelo que o ambiente no seu interior vai começar a aquecer e as divisões a surgir. No aparelho não falta quem esteja à espreita para fugir de Sócrates, pensando no futuro. Alegre contribuíu para este ambiente ao entrar num jogo duplo de alinhar com a esquerda ao PS criticando o governo da esquerda do PS. É a teoria do rato: é sempre o primeiro a abandonar o barco às primeiras pingas de água no seu interior. E Alegre escolheu saír por bombordo.

Ninguém ganha sem o apoio do eleitorado do "centrão", que ora vota PS ora vota PSD. E é extremamente improvável que Alegre, figura da esquerda profunda do PS e amigo do Bloco, venha a receber votos do centrão. Qualquer caloiro de estratégia no PS teria preferido uma figura mais central no espectro político, mais consensual na sociedade, ao jeito de, por ex., Jaime Gama. Alegre é profundamente desagradável a esse eleitorado. É laico, provavelmente maçon, e sempre esteve ao lado das denominadas "causas fracturantes". E isto paga-se.

Cavaco joga bem no facto de ser um político não-político. Disse há tempos que não era político profissional. Tem profissão de recuo, tem trajecto profissional. O povo gosta disto, pois detesta políticos, para mais numa altura em que parte do PS é arguida e/ou suspeita em processos de corrupção. Alegre é deputado desde 76, não se lhe conhecendo outra actividade profissional. É do sistema, quer queira quer não, e com o pior que o sistema tem.

Louçã é do anti-sistema. É anti tudo, só sabendo destruir. Mas sabe vender isto, que é nada, muito bem embrulhado, com rótulo de progressista, vanguardista. Soube-lhe a pato a candidatura de Alegre, mais ainda numa altura tão sensível como esta em que é à direita que Sócrates está a negociar o Orçamento de Estado. Louçã prepara-se para retirar louros deste facto, acusando quem se aliar a Sócrates de ser cúmplice na degradação da situação económica e social do País. A juntar a isto, através de Alegre, tem ainda o poder de condicionar o PS nesta decisão tão importante. É goleada de Louçã contra o PS.

É que, se Cavaco ganhar, vai cumprir-se certamente a tradição da 2ª República: 1º mandato presidente completamente ausente, 2º mandato presidente hiperinterveniente. E disto quer Sócrates fugir como o diabo da cruz, apenas conseguindo se Cavaco não for reeleito. É que Sócrates sabe que, se casos como o da Universidade Independente ou do FreePort tivessem ocorrido durante o 2º mandato de Cavaco, este não teria assobiado para o lado.

Para mais, Sócrates sabe que vai ter uma conjuntura extremamente difícil. As taxas de juro vão começar a subir em breve, o desemprego não vai parar de aumentar e o défice vai ter que ser reduzido, provocando a diminuição severa da capacidade do estado em intervir e em acudir. Em breve a sua popularidade vai começar a baixar, fruto das circunstâncias. Por isso anda tudo no jogo do empurra, porque a oposição quer cozer Sócrates em lume brando no caldeirão que ele construíu. E para Cavaco, após as presidenciais, Sócrates vai ser presa fácil. Tipo crocodilo jovem e faminto, escondido debaixo de água aguardando pacientemente o momento certo, contra gazela velha e doente, cheia de sede à beira do lago, a pobrezinha! É sem salvação nem misericórdia.

Pairam nuvens negras no horizonte de Sócrates. De certa forma, é bonito!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

100 anos de República...

O texto a seguir não é da minha autoria. Pelo seu teor, merece transcrição.

Sem mais delongas...

" Mais de 500 iniciativas e 10 milhões de euros em 365 dias!!!!
Esta é a estimativa, sem derrapagens das comemorações do centenário da república.

(In)felizmente que se comemora a implantação da república e não a existência de Portugal como País independente, que ocorreu a 5 de Outubro de 1143 em Zamora, porque não sei quais seriam os custos de 900 anos da nossa história.
Será importante numa altura de crise, numa altura em que aumenta o desemprego em que fecham diariamente pequenas e médias empresas, reflectir sobre os custos desta nossa República e das comemorações do seu centenário.
De facto, em cerca de 900 anos de história, 800 foram passados em regime Monárquico.
Foi sob essa forma de regime que Portugal se tornou um País independente, foi sob essa forma de regime que defendeu a sua independência e fixou as suas actuais fronteiras.
Foi ainda, sob esse regime que Portugal deu a conhecer novos mundos ao Mundo e que surgiram e se desenvolveram os futuros Países Lusófonos.
Foi durante o regime Monárquico que se deu a independência do Brasil, uma descolonização exemplar, sendo hoje uma das grandes potências a nível mundial e seguramente a maior da América Latina.
Foi com o regime Monárquico que Portugal aboliu em 1 de Julho de 1867 a pena de morte.
Portugal foi o primeiro estado do mundo a prever a abolição da pena de morte na Lei Constitucional.
A esse propósito escreveu Victor Hugo:
Está pois a pena de morte abolida nesse nobre Portugal, pequeno povo que tem uma grande história. (...) Felicito a vossa nação. Portugal dá o exemplo à Europa. Desfrutai de antemão essa imensa glória. A Europa imitará Portugal. Morte à morte! Guerra à guerra! Viva a vida! Ódio ao ódio. A liberdade é uma cidade imensa da qual todos somos concidadãos
E ainda, foi durante o regime Monárquico que Portugal aboliu a escravatura em 1869, tornando-se o 1º País do Mundo a abolir tal prática.
"Fica abolido o estado de escravidão em todos os territórios da monarquia portuguesa, desde o dia da publicação do presente decreto.Todos os indivíduos dos dois sexos, sem excepção alguma, que no mencionado dia se acharem na condição de escravos, passarão à de libertos e gozarão de todos os direitos e ficarão sujeitos a todos o deveres concedidos e impostos aos libertos pelo decreto de 19 de Dezembro de 1854."D. Luís, Diário do Governo, 27 de Fevereiro de 1869
“Os primeiros escravos a serem libertados foram os de pertença do Estado, pelo Decreto de 1854, mais tarde, das igrejas, pelo Decreto de 1856. Com a lei de 25 de Fevereiro de 1869 proclamou-se a abolição da escravatura em todo o império português.”

Passemos agora em revista os 100 anos da República Portuguesa.
Ditadura Militar – 1926 a 1933 (8 anos)
Estado Novo – 1933 a 1974 (41 anos)
PREC – 1974 a 1976 (2 anos)
Total – 50 anos

Será que as comemorações dos 100 anos da República Portuguesa se vão resumir aos últimos 36 (com o PREC incluído…. ou não) e aos primeiros 16?
Será que se vão “esquecer” da “exemplar descolonização”, será que se vão esquecer das sevícias do PREC, será que vão branquear Timor?
Vamos gastar 10 milhões de euros do orçamento do Estado a comemorar exactamente o quê?

O assassinato do Rei D. Carlos e do Príncipe D. Luís Filipe?
Salazar, Marcelo Caetano e o Estado Novo?
As prisões arbitrárias e as sevícias do PREC?
As invasões e ocupações das propriedades privadas?
Os assaltos às sedes dos partidos políticos?
A descolonização exemplar? No maior desrespeito por todos aqueles que trabalharam para ajudar a construir os futuros Países Lusófonos.
Timor?

Ou será……………

Que vão comemorar o novo aeroporto de Lisboa?
O TGV?
Os estabelecimentos prisionais que o Estado vendeu e de que agora é inquilino?
O BPN e o sistema bancário português?
A justiça Republicana (Processo Casa Pia, Freeport, Face Oculta, só para lembrar os mais recentes)?
Ou será o Ensino Público?
Provavelmente é a Saúde Pública?

É preciso ver as comemorações do 5 de Outubro, para perceber a multidão entusiasmada que se reúne para tal.
E quanta gente nova, a juventude desde País adere massivamente a tais comemorações.

Alguém será capaz de me explicar, pois eu não consigo entender, para que são precisos 10 milhões de euros para comemorar os 100 Anos da República Portuguesa?
Só me resta acrescentar……….

PORTUGAL, PORTUGAL, PORTUGAL, VIVA PORTUGAL "

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Frontalmente descortéx

Há coisas que parecem improváveis. Como a de ver o jornal i a publicitar um novo blogue do Sr. Ferreira e da Menina Joana Dias. O que certo é que, inadvertida ou, melhor, lamentavelmente, me achei a "clicar no link" do referido blogue. Primeira impressão, nada de inesperado, nada de extraordinário, um texto que até tem a sua graça literária da autora... até ler a publicação pelo Sr. Ferreira, de ontem, sobre Bento XVI... É muito bonita a liberdade de expressão. Mas há que estar à altura de ter o direito a usufruir desse privilégio. O Sr. Ferreira não está. É pena. Com os seus pergaminhos, como é que se permite proferir semelhante afronta. É perfeitamente admissível que não concorde, não creia, desconfie, critique... mas, nem que fosse por mero respeito à figura institucional, à importância que o cristianismo teve, tem e terá neste país, impunha-se um dever de respeito, para com o Papa. Para com todos os católicos. Há mesmo coisas improváveis, Sr. Nobre que redigiu o artigo... onde havia notícia, o autor passou-lhe ao lado. Lamento. Sinais dos tempos. Falasse o Sr. Ferreira de um Aiatolá ou de um Imã...