segunda-feira, 7 de setembro de 2009

desalinhamento do dia

O debate entre Portas e Jerónimo "acabou de acabar". Sem grande interesse, pois era demais o que os separava. E Portas não disse umas verdades, que a N. Sra. da Salvação disse ao Louçã: Portugal ainda hoje está a pagar pelo maior atentado à economia portuguesa em 850 anos de história, que foi as nacionalizações do dia 13 de Março de 1975, assim como as ocupações de terras durante o PREC, que destruiram o tecido produtivo do País, gerando apenas pobreza. É facto. Do qual não há responsáveis! Nem que a esquerda mate (e já matou!), nunca a esquerda é imputável - haverá uma "amnistia da vergonha".

Sinceramente ainda pasmo com é que há gente que defende regimes comunistas. Pasmo com pessoas que votam no PCP ou no Bloco. Compreendo que haja gente de esquerda e de direita. Em todas as democracias saudáveis sempre assim foi. Aliás, um dos maiores problemas de Portugal não é haver esquerda, é sim o mau PS que, quando governa, deixa sempre o País no caos. Basta comparar com Inglaterra ou Espanha: claro que eu votaria nos "Tories" - que é, de entre todos os partidos da direita democrática, aquele com o que eu mais me identifico e onde pontificam grandes nomes da história universal, tais como Winston Churchill e Margaret Thatcher, que são as pessoas que politicamente mais me influenciaram, a par com Sá Carneiro - ou no PP, mas o "Labour" ou o PSOE são incomparavelmente melhores, i.e., quando estão no governo, governam muito menos mal, do que o PS português. Basta ver a 3ª via de Blair, que mais não era do que um thatcherismo com sorriso mais aberto e competência mais rara.

Mas, voltando ao assunto, não compreendo como é que, passados 20 anos da queda do Muro de Berlim, e 18 anos sobre a queda dos regimes comunistas na Europa de leste, como é que há gente que defende este tipo de regimes. O mundo viu o que se passava nos regimes comunistas. O mundo viu - é facto!

Uma coisa é ter fé. Outra é querer ser cego.
Uma coisa é acreditar num ideal. Outra coisa é ver que esse ideal é causa das maiores injustiças e barbaridades e não cair na realidade, continuando a defender esse ideal.

Há o ditado espanhol: "emendar é coisa de sábios".

Esses regimes aboliam completamente as liberdades individuais. Não falo apenas das liberdades de opinião política e de expressão - nestes casos as STASIs, os GULAGs e os KGBs, espalhados pelos países em que a cortina de ferro os tapava do sol, falam por si, mas que alguns não querem ver e, desplante dos desplantes, aindam falam da PIDE! Falo por exemplo da liberdade de propriedade privada, que não existia nestes países. O que fazia com que toda a população fosse "pau-mandado", qual marionette, do aparelho instalado no partido único, que se confundia com o estado. Em coisa nenhuma existia liberdade de decisão individual, fosse no que fosse.

Em Portugal, devido ao caos em que a 1ª República colocou Portugal, que, não por acaso, coincidiu com o período em que Portugal mais empobreceu durante todo o Séc. XX (triste recorde!), foi instalado, durante quase 50 anos, um regime autocrático. No entanto, o cerceamento de liberdades que os portugueses experimentaram, e com o qual não estou de acordo, "as obvious" (a minha costela de "Tory" a falar), em nada se compara com o esmagamento da liberdades e da própria esfera íntima das pessoas que as populações do Bloco de Leste sofreram durante décadas. Esmagamento que ia ao ponto de um indivíduo não ter nada seu, porque tudo era colectivo. Tudo lhe era programado, nada era dele. É evidente que o comunismo é muito mais brutal do que o salazarismo. Mas é que sem comparação possível! A escala é outra.

Do comunismo as pessoas nem fugir podiam - um muro da vergonha gigantesco separava-as da fuga.

Se quiserem explicar o comunismo com fotografias, recomendo o excelente livro de Joseph Koudelka: Invasion Pague 1968 (ISBN: 978-1597110686). As imagens falam por si, e são reais.

É no mínimo incoerente, para não dizer estupidez ou desonestidade, que alguém ainda (35 anos depois) se lamente das limitações à liberdade do antigo regime português para, de seguida, apoiar partidos que defendem regimes muito mais brutais.

A contradição é evidente: alguns há que querem viver como se vive na Suíça mas votam em partidos que defendem regimes como o Cubano. Outros há que prometem a riqueza da Suíça e promovem regimes como o de Cuba. Ora isto não funciona! Haja alguém que lhes explique. Nem que seja com um desenho, para as pessoas das novas oportunidades...

Por outro lado, em democracia, estar contra uma ditadura é condição necessária para se ter legitimidade política. Mas não suficiente. Se se defender um regime ainda pior, perde-se toda a legitimidade e superioridade que se ganhou na oposição à referida ditadura.

Haja alguém que explique isto ao Jerónimo.

Por último, dois assuntos breves, aos quais voltarei num futuro próximo.

No próximo ano vai haver festança com as comemorações dos 100 anos da república. Ora é conveniente os portugueses saberem que esse regime foi o responsável pelo período de maior empobrecimento do País em todo o Séc. XX. Comemorar a sua implantação é no mínimo masoquismo. Para não dizer estupidez. É condição necessária, mas não suficiente, para que um regime ou uma governação seja louvável o facto de gerar a prosperidade da respectiva população, o seu enriquecimento, a diminuição da pobreza e a melhoria dos indicadores de qualidade de vida. Se esse regime não o conseguir, então é um regime falhado. Comemorar o falhanço é loucura.

Finalmente, esta semana vou à Europa, a Itália. Arejar a cabeça e as ideias, porque aqui o ambiente é péssimo. Sócrates e seus apoiantes, AKA "só-cretinos", andam desesperados. Eu é que já não estou para os aturar. A minha paciência acabou há muito.

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