sábado, 19 de setembro de 2009

o TGV, a Sagrada Inquisição e os servos de Deus

No momento em que escrevo estas palavras, está um painel de indescritíveis, com a honrosa excepção de Nuno Morais Sarmento (futuro presidente do PSD?), em debate (mais um) na SIC Notícias. O topo do pódio, de uma coisa má qualquer, o que quiserem - tem é que ser uma coisa má - é ocupado ex-aequo por Vicente Jorge Silva, que fala, fala, fala, gesticula, fala, salta, fala, grita, esbugalha os olhos, fala, fala, com um ar muito inteligente, mas não diz nadinha de jeito, e Luís Nazaré. Este último, refastelado num belo tacho de nomeação governamental - presidente dos Correios - e possuidor de um belo e vasto percurso de tachos de nomeação socialista, está a referir o facto de Manuela Ferreira Leite ter defendido no passado o TGV e hoje não, apresentando isto como uma grave contradição. Pecado mortal, diz ele!

Esquece-se é que emendar é coisa de sábios, como dizem os espanhóis - quem diria!!

Que o estado da economia portuguesa em 2003 era outro. Que, quando se inicia um projecto ou se lança uma ideia, de início é só grandes espectativas e imensas alegrias. Os problemas aparecem é quando se começa a fazer as contas, e estas arrasam o TGV.

Arrasam o TGV mas não os disparates. O cúmulo do disparate foi ouvir, há tempos atrás, o presidente da câmara de Elvas, um socialista de nome qualquer de voz grossa e dedo em riste, a defender o TGV. Deve ser para proporcionar um inovador espectáculo aos seus munícipes: ver passar os comboios. Vazios, mas com os munícipes a pagarem, mesmo sem saírem da beira da linha. É obra de autarca.

Às vezes ponho-me a pensar no que terá sido, durante o período da Reforma e Contra-Reforma, a discussão entre Galileu e os cardeais da Inquisição por causa da Terra e do Sol. Estes últimos devem ter sido brilhantes na sua argumentação, recheada certamente de brilhantes exercícios do mais refinado intelecto e de vasta sabedoria, colhida nos livros dos melhores autores. Tão brilhantes e tão vasta que Galileu se deu por convencido. Ou vencido. O problema, certamente um aspecto insignificante para os eleitores de José Sócrates, o problema é que Galileu estava certo!

E a Terra continua a girar à volta do Sol, contra a opinião dos inquisidores - se calhar, a Terra e o Sol são retrógrados, quadrados, fascistas, mal educados, amigos do António Preto, grosseiros, sei lá mais o quê...

Se calhar até receberam €25 para votarem em Manuela Ferreira Leite...

Aqui reside o problema todo. Sócrates até pode ser brilhante (demos esta de barato) na sua argumentação, o problema é que Manuela Ferreira Leite é que tem razão. Tal como Galileu.

Já que referi o nome de Luís Nazaré, lembrei-me de uma outra coisa. É que Portugal é um País de servos. Outrora havia os da gleba, sendo que todos os portugueses eram servos de Deus. Hoje estes são menos, em proporção com a totalidade de tugas, mas apareceu recentemente um novo tipo de servos, cada vez mais dominante. São os servos de Sócrates. Os do tacho, os do emprego, os do favorzinho, os dos contratos com os estado, os das obras públicas (estes na berra, com o dente afiado sobre o orçamento de estado), etc - há-os para todos os géneros e feitios.. Sócrates, esse, também não escapa, também é servo. Neste momento da maçonaria, mas do lado de fora, que esta é "exigente" e "selectiva". E chique. Os maçons, esses, são servos da ganância e dos empreiteiros (ex: Jorge Coelho). Os empreiteiros são servos de Sócrates. Rica circunferência esta.

Ah! já mudei de canal.

Disse

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