quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Mário Crespo entrevista Medina Carreira: haja alguém que diga a verdade

Ontem não vi o Sócrates na televisão. Não alinho em mais nenhuma propaganda «chavista» em que o Sr. Sócrates se especializou, nem penso que esse senhor tenha algo mais de jeito para dizer. Agora até dizem que o homem é «sexy». Se o é, que vá para estrela de filmes com bolinha vermelha e que nos deixe em paz. Daria satisfação a alguns e paz a todos.

Em vez disso, vi, e com muita atenção, a entrevista de Medina Carreira. Tenho pena é que ainda não esteja disponível na internet - a máquina socialista não dorme em serviço. Por isso sigam este link, com uma entrevista mais antiga mas tão actual como a de ontem:

http://www.youtube.com/watch?v=mwGjfA5jccA

Voltando à entrevista de ontem, 1 de Setembro, concedida por volta das 22:30 na SIC Notícias ao Mário Crespo, o Dr. Henrique Medina Carreira não disse nada que eu já não soubesse, no entanto nunca é demais ouvi-lo - parece é que há gente que nem à milésima vez o entende, ou não o quer entender, o que é triste. Para não dizer grave. E Medina Carreira não está sozinho no retrato que faz do País: basta ler o livro «Perceber a crise para encontrar o caminho», de Vítor Bento, para se perceber a gravidade e a seriedade do que o Dr Medina Carreira disse.

Mesmo assim, de entre várias coisas, entre as quais a forma abrupta como a entrevista acabou (parecia que havia umas meninas na «régie» a mandarem recados ao Mário Crespo, sabe-se lá a dizerem o quê), registei duas passagens importantes:

1- Disse, em certo momento, que, actualmente, não ouve os políticos. O ambiente político actual lembra-lhe o ambiente que se vivia no fim do antigo regime. Os políticos não tinham nada de jeito para dizer, por isso ele não estava para os ouvir.

Cheio de razão, digo eu, e viu-se o resultado que o vazio político no início da década de 70 teve.. De facto, actualmente, cheira a fim de regime. Espero que não cheire a fim de democracia, mas nunca se sabe - quando uma coisa está muito mal, atenção que ainda pode piorar mais!
Por essa mesma razão não ouvi o Sócrates. Também porque o nosso primeiro me começa a meter nojo. Deve ser por ser sexy e eu não apreciar homens (quiçá inveja minha!?)...

2- Disse que , quando foi ministro das finanças, na década de 70, ele e o Silva Lopes (à data governador do Banco de Portugal) só pensavam em arranjar dólares.

Há tempos atrás li, numa revista qualquer cujo nome não me lembro (devia ser a Visão ou a Sábado), uma entrevista de Hernâni Lopes, em que dizia que, quando chegou ao Ministério das Finanças, o Banco de Portugal tinha divisas para manter o País durante dois ou três dias. Logo, este problema é recorrente na República Portuguesa. Só que hoje não há truques nem «desvalorizações competitivas» que criem uma almofada financeira e corrijam o défice externo. Logo, só resta uma solução: trabalhar bem para produzir bens transaccionáveis competitivos que possam ser vendidos no estrangeiro, por forma a termos dinheirinho para comprarmos o que precisamos.

Se TGVs, novas pontes, novas autoestradas, esse lixo todo, avançarem, podem estar seguros: em breve vão começar a ver emigração em massa e as prateleiras dos supermercados sem nada. Porque os estrangeiros não vendem fiado a Portugal, que estará atulhado em dívidas. Como é óbvio, os mais pobres estarão mais pobres e serão os que passarão pior. Justiça social, dirá Sócrates?

O Sr. Sócrates gosta tanto de ajudar os pobrezinhos que quer empobrecer o País inteiro, para ter mais pobres para ajudar. Pena é que, nessa altura, não tenha com o quê. Ouvi dizer que ele disse que vai ajudar mais não-sei-quem com não-sei-quantos milhões de euros. Porque é que a Judite de Sousa não lhe fez a pergunta que se impunha: «Sr. Sócrates, com que dinheiro?». Esta Judite nunca faz as perguntas que se impõem!

Disse.

PS: não se esqueçam: «Perceber a crise para encontrar o caminho», de Vítor Bento. Depois votem Sócrates, se conseguirem! (LOL)

1 comentário:

  1. Uma pessoa que de facto vale a pena ser ouvida. Por acaso, criei um post sobre a eleição do senhor Sócrates. No final, também referi Medina Carreira. Um senhor que eu gostava de ver muito mais na tv...

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